quarta-feira, 22 de abril de 2009

o dia em que nasci

No dia 18 de maio de 1981, quinta-feira ás onze e meia da manhã na maternidade do hospital do Belenzinho eu (Wellington) finalmente nascia. E mesmo muito pequeno eu não tinha idéia do que vinha pela frente a provação pelas quais eu passaria ao longo da vida.
Ao nascer já tive que passar pelo primeiro desafio que a vida me impunha, há poucas horas depois do meu parto fui conduzido para uma sala de cirurgia onde o passo inicial foi fazer uma cirurgia de alto risco onde seria retirado o tumor que estava para fora de minhas costas, uma das cirurgias mais delicadas que eu fiz para preservação da função neurológica remanescente e prevenção de infecções como a meningite, já que o defeito representa uma porta aberta à invasão de microorganismos. É importante frisar que se oferecido um tratamento intensivo e pleno com acompanhamento correto, eu pude usufruir uma vida produtiva.
Como se esperava a cirurgia foi um sucesso, mesmo recém nascido eu reagi bem ao procedimento cirúrgico. Mas antes de me recuperar, quatro dias depois, lá estou eu novamente em uma mesa de cirurgia dessa vez por que também nasci com (Hidrocefalia). O que seria isso? No interior do cérebro existem espaços chamados de ventrículos que são cavidades naturais que se comunicam entre si e são preenchidas pelo líquido cefalorraquidiano ou simplesmente liquor, como também é conhecido. O termo hidrocefalia refere-se a uma condição na qual a quantidade de liquor aumenta dentro da cabeça. Este aumento anormal do volume de líquido dilata os ventrículos e comprime o cérebro contra os ossos do crânio provocando uma série de sintomas que devem ser rapidamente tratados para prevenir danos mais sérios.
Muitas vezes pode ser detectada antes mesmo do nascimento quando se emprega o exame de ultra-sonografia no acompanhamento da gravidez.
A hidrocefalia ocorre quando há um desequilíbrio entre a produção e a reabsorção desse líquido. A condição mais comum é uma obstrução da passagem do liquor, seja por prematuridade, cistos, tumores, traumas, infecções ou uma má formação do sistema nervoso como a mielomeningocele. Em casos raros a causa é o aumento da produção do líquido em vez de obstrução.
E como no meu caso foi necessária uma cirurgia de implante de válvula que é o tratamento ideal para se retirar o excesso de líquido de dentro do sistema ventricular. A válvula, acoplada a um tubo flexível de silicone, drena o excesso de líquido para a cavidade abdominal reduzindo a pressão interna dos ventrículos cerebrais.
Em casos especiais cerca de um terço do total pode ser realizada uma cirurgia chamada de terceiro ventriculostomia. Nesta técnica, produz-se um orifício no assoalho do ventrículo que fica na parte inferior do cérebro, assim, o excesso de líquido encontrará umas saídas alternativas, fazendo baixar a pressão intracraniana.
Foi outra operação de grande risco, os médicos não tinham certeza se eu sobreviveria, chegaram a dizer para minha mãe que se eu vivesse provavelmente não chegaria aos doze anos de idade embora aos doze eu tive uma surpresa, mas isso eu vou contar depois. Graças a Deus eu me recuperei muito bem das duas cirurgias e alguns dias depois eu estava em casa, mas a vida não foi fácil, minha mãe teve que tomar uma decisão muito difícil. Abandonou seu emprego fixo de carteira assinada para se dedicar inteiramente ao meu tratamento, que seria longo. No período de um até os meus cinco anos de idade, minha vida era cheia de incertezas, minha avó paterna dona Nelita veio da Bahia para ajudar minha mãe a cuidar de mim e para que eu também fosse batizado as presas, como padrinhos foram escolhidos meu tio Ivo e minha avó Nelita. Foram varias idas e vindas de hospitais, volta e meia eu tinha convulsões passava muito mau e inúmeros procedimentos cirúrgicos nos quais eu fui submetido, pé, quadril, coluna etc.
Nos mudamos para o bairro da Vila Maria onde fomos morar em outra casa alugada de um casal de portugueses.
Com um ano de idade fui encaminhado para a Santa Casa de Misericórdia onde eu comecei a fazer fisioterapia três vezes por semana para aprender a andar com o auxilio de um aparelho e duas muletas, no começo foi difícil minha mãe pegava dois ônibus comigo no colo quando meu pai não podia deixar o serviço para nos levar.
Mas todo esse sacrifício compensava quando ela via minha evolução na fisioterapia, foi uma emoção indescritível quando ela me viu dando os primeiros passos com o aparelho e a muleta, essa foi minha primeira conquista de tantas outras, um passo de cada vez, uma vitória por dia. Essa rotina se estendeu por um período de cinco anos. E nesse tempo minha mãe ficou grávida mais uma vez, então dois anos depois que eu nasci, no dia 14 de junho de 1983 nascia (Luciana) minha irmã uma linda menina, que nasceu saudável graças a Deus.
Passando esse período eu aprendi a andar com auxilio de um aparelho e duas muletas, não foi fácil, mas eu consegui me adaptar antes disso eu tinha que me arrastar pelo chão por que não tinha cadeira de rodas na época eu engatinhava pela casa e foi assim mesmo, depois de aprender andar com aparelho e as muletas por que só podia andar com eles, sem eles não tinha como eu era danado, arrastava pela casa, subia na mesa, escalava o sofá aprontava de tudo. Teve até uma vez um episódio hilário que aconteceu comigo. Eu era muito pequeno e na época passava na televisão a novela (Rock Santeiro), estávamos todos na sala assistindo eu bem na frente da televisão quando numa cena o homem se transforma em um lobisomem, quando eu vi aquilo senti um medo tão grande que a primeira reação que eu tive foi correr arrastando e pular nos braços do meu pai chorando com coração disparado foi muito engraçado ter que me arrastar rapidamente para chegar até onde meu pai estava.


CONTINUA....

Um comentário:

  1. isso é que é um vencedor continue nos caminhos do senhor ele te ama muito a paz de deus...

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